Policarpo Quaresma e a Sombrinha de Miosótis azuis!
Penso eu, na minha inocente ignorância política, que falta um pouco de "Policarpo Quaresma" em nossos candidatos e se alguns deles tivessem o mesmo amor, menos regionalismos e mais patriotismo, honestidade, sonhassem e acreditassem mais no labor que no valor ($)? Certamente o Brasil daria um salto em direção ao verdadeiro lugar que merecia ocupar, pelo tamanho, pela beleza, pela diversidade, pela magia que esse gigante ainda esconde em todos os cantos. Que mais parece um adolescente, em fase de crescimento, de dúvidas, de alegria, um país que sofre, mas tem vigor, seu povo é um mix de outros povos, de outras culturas, de tristezas, mas acima de tudo de esperanças.
E mudo o pensamento agora, se todos nós tivéssemos um pouco de "Policarpo Quaresma", que dizia: - "A nossa terra, que tem todos os climas do mundo, é capaz de produzir tudo que é necessário para o estômago mais exigente". Se na nossa potência pudéssemos produzir nosso próprio sustento, nossos produtos sem tantas “porcarias” vindas de fora, se nossas empresas recebessem apoio integral para produzirem o melhor? Se usássemos e déssemos valor aos nossos próprios produtos?
Se o brasileiro usasse somente produtos nacionais, aqueles feitos com qualidade porque as empresas também teriam esse mesmo amor pelo país que as sustentam? "Policarpo Quaresma" dizia que só vestia panos nacionais, botas nacionais, exaltava tudo que fosse nacional. Mas houve um tempo que isso foi em partes realidade, eu mesma me lembro de uma sombrinha feita no país, eram fortes, material de qualidade, metal que suportava fortes ventos, tecidos grossos, coloridos, uma em especial me marcou, tinha no tecido minúsculos miosótis azuis, delicada, mas resistente!
Esqueci no caixa de um banco e digo que marcou porque logo que a perdi, na semana seguinte, foi aberta a importação de produtos estrangeiros, começaram a sumir as sombrinhas nacionais, o mercado foi aos poucos sendo inundado de mil coisas estranhas que eu nem sabia qual era utilidade, mas aquela explosão de informações foi aos poucos tomando nossos dias, nossos olhos, nossos produtos foram sendo substituídos. Nossos gostos, sabores, cores, tudo foi lentamente sendo trocado.
Foi tanta informação e produtos invadindo nosso Brasil, que nossos produtores acabaram na falência, ouvia comentários por todo lado, mas eu era uma menina, não entendia bem o que viria, mas sentia pena das pessoas porque muitas foram dispensadas de seus empregos. Na minha tristeza por perder algumas coisas que gostava muito, fui engolindo o amargo da decepção, até que deixei de perceber o gosto ruim.
Hoje quando olho as lojas abarrotadas de coisas fracas e inúteis, eu me lembro da minha sombrinha de miosótis azuis e quando elas quebravam minha mãe as levava para uma pequena loja de consertos e elas voltavam perfeitas para suportar mais alguns belos anos pela frente. Que saudade!
Não entendia na época o que estava acontecendo e o porquê de tanto movimento. Mas hoje me lembrando de “Policarpo Quaresma”, fui reler algumas frases, pensei - se o Brasil ainda produzisse seu próprio sustento, se cada estado, cidade, fosse responsável por dar valor a sua própria natureza e diversidade de produtos? Estaríamos no topo do mundo? Seríamos o Gigante Verde do planeta?
Ah! Que saudade da minha sombrinha de minúsculos miosótis azuis! Que saudade das minhas alpargatas de corda feitas por mãos brasileiras e não de crianças chinesas. Que saudade!
Márcia Raphael – 26/02/12.
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