01/05/2013


As vezes eu fico vendo a maconha nascer nas calçadas da cidade. A cocaína, heroína, crack são usadas em pleno meio dia, sem nenhuma cerimonia, meninos de todas as idades consomem sem medo e sem vergonha.

Fazem um verdadeiro festival de drogas nas nossas "caras", eu mesma já sou usuária da maconha, não tem um dia que eu não a inspire, é de manhã ao levantar as seis horas, é na hora do almoço, é a tardinha quando volto do trabalho, é a noite já vendo minha novela do São Jorge...rsrsrs.

Já me sinto até mal se não tem a fumacinha rolando no meu quintal e no meu nariz, pois é, já estou me acostumando a ela, tá se tornando minha companheira, e olha só, acho até que meus cachorros e gata já estão viciados também. As vezes eles ficam "loucos", saem disparados pelo quintal dando com a cabeça nas plantas e paredes, deve ser doideira da droga.

Os vizinhos, alguns reclamam, algumas pessoas do bairro chamam polícia, mas quê... Polícia que nada, ela nem passa, e quando passa vai reto sem ver anda, apenas "finge" que passa. Outro dia uma pessoa me contou na fila de um caixa, que ela tinha chamado os policiais e ele disse do outro lado da linha: - Senhora, essa rua não tem mais o que fazer, já sabemos quem são os usuários, mas nada podemos fazer, vou verificar se é possível mandar uma viatura passar por aí. Depois de duas horas nada, ela ligou novamente, disseram que não tinha viatura...

Mas eu não me incomodo mais, eu até colho a maconha da calçadas quando vejo. Sabem que a maconha é usada para muitos problemas né? Para tirar dor, para tirar a fome, tirar a vontade de morrer kkkkk...Pra distrair e fazer rir, pra fazer suportar as dores psicológicas, das tragédias em família, tirar medos de não ter um futuro pela frente. 


Tudo bem, tem milhares de usos e utilidades, é também usada por covardes, por gente diferente que não se adapta ao mundo, as convenções, ao trabalho, não se adapta às tristezas, não tem força pra enfrentar a vida de cara limpa. A minha cara sempre foi limpa, tem um óculos no meio dela, mas só isso.

às vezes sinto pena desse povo, sinto raiva, vontade de jogar todos num mar revolto. Mas são coitados, são pessoas vazias de amor, de essência, descrentes em Deus, meninos e meninas que querem apenas se juntar com amigos e rir muito, mesmo sabendo que um dia vão morrer na calçada, muitas vezes sem família e sem exatamente aquilo que eles buscam, amor, compreensão, amigos verdadeiros, companhia. 


Meninas lindas, mas vazias de amor próprio, vazias de fé num mundo que possa ser melhor com elas, meninas com ódios no coração, com traumas de pai e mãe às vezes com traumas de abusos, meninas e meninos descrentes no mundo dos adultos. Não veem luz e nem possibilidades, apesar delas existirem, eles não vem e não há ninguém que os faça ver.

Musica no ultimo volume, churrascos, bebidas, drogas de todos os tipos, risos vazios, almas perdidas, gargalhadas desesperadas, gritos de desabafo. Alguns entram apenas por mera curiosidade, mas não se dão conta que as garras já estão muito bem enfiadas nas suas carnes e almas. Pobres meninos e meninas.


Meus ouvidos escutam os gritos. Meu nariz identifica a fumaça, mas já não sei quando isso terá fim. Aliás, eu sei que não terá fim. Não os incomodo, quem sou eu para me incomodar agora? A loucura toma conta, e os gritos continuam, motos e bicicletas, sapatos e tênis se juntam na calçada, e assim vão até varar a madrugada e os dias seguintes, até a bebida acabar, o churrasco apagar, a droga anestesiar. Depois começa tudo de novo...

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