Tenho uma visão vaga e fantástica dela, uma fantasia, talvez uma loucura, uma visão de como ela age. Vem lentamente e se apodera do ser, vem como uma sinapse, não há contato físico das transmissões, mas mesmo assim ela atua, como uma transferência dos neurotransmissores, coisa meio assim, estranha e elétrica, necessita de uma justificativa para os humanos.
Então, crio as minhas próprias também, hoje ela levou muitos pela região, dois eu os conheci pessoalmente e ambos se foram da noite para a manhã, sem explicação, mas na nossa linguagem ficou como enfarto, sentiram-se mal a noite, foram ao hospital e lá ficaram até saírem os corpos frios e sem vida, ambos com o mesmo diagnostico, enfarto fulminante. Parece que foram arrancados às pressas durante a noite de seus corpos, para que não houvesse tempo deles contestarem.
Imaginei um anjo da morte "varrendo" com os olhar seus caminhos, sua rota e seguindo pelos julgamentos, como vindo para cobrar os impostos, alguns foram julgados ela segunda vez, outras pela primeira e estes que morreram pela terceira e ultima, como uma cobrança de dívidas e que o ser não tinha mais com que pagar, daí então, levam sua vida. Tiram suas energias vitais definitivamente, não importando quem vai ficar e a cargo de quem.
Crianças ficam sem apoio materno, paterno, avós e avôs, tios, primos primas não importa a quem ela veio buscar, sem contestação os levam e ponto final. Então se não a esperamos, ela vem, se a esperamos igualmente, não interessa se terminamos nossa casa, se pagamos nosso carro, se criamos ou não nossas crianças, se temos muito dinheiro ou não temos nada, se somos donos de uma multinacional ou donos de nossos cães vira-latas.
Não interessa a ela o que somos e deixamos de ser, não interessa a idade, 48? 71? homem? Mulher? Não faz diferença, chegou a hora e se vai. Se vivemos bem ou mal com marido, filhos, esposas, vizinhos, se deixamos por terminar o serviço não vai mudar nada nesse momento. Todos seremos levados com alguma justificativa.
Sempre ouvi dizer de alguma forma que, devemos viver como se hoje e esse momento fossem os últimos de nossa existência, portanto penso, que se eu começar algo, devo no prazo minimo, terminar, não guardar mágoas de ninguém, não ter ódio no coração, ter sempre em mente que este pode ser meu derradeiro instante nesse planeta. Amanhã cedo posso não estar mais aqui, ter sumido no ar como fumaça de cigarro!
É tudo tão instável, volátil, a vida é fugaz, como dizem os sábios. A vida é um instante entre uma respiração e outra, é o espaço entre uma piscada e outra, tão rápida que nem a notamos, um fio tão fino e transparente que ninguém o vê. Mas se, se for agora tudo se apaga, tudo o mais fica inacabado, então o quê? Não temos que deixar nada por fazer, nem para nos amarrar, como laços e nós que dificultem a ida, penso que devo deixar todas as saídas limpas e livres para quando ela (a morte) vier, entrar e sair sem dificuldades, assim numa simples desculpa, a porta estava aberta.
Márcia Raphael
09/10/13
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