14/10/2012

Movimento ou quietude?

O ser humano vive sem notar, mas quando lhe tiram algo que ele não dava tanta importância, aí se dão conta de que aquilo era importante. Somos assim, se temos alguém do lado, implicamos com a toalha em cima da cama, com os chinelos jogados na sala, com as camas desarrumadas, com a garrafa de água gelada fora da geladeira, mas quando não temos mais nada disso é muito pior. 

Somos intolerantes, egoístas, rabugentos, mas quando estamos livres de tudo que nos incomoda, nos damos conta que era tudo muito bom, pois havia vida, movimentos, alegria, sons de risadas, de musicas, de gente pela casa, circulado toda hora, tínhamos o que fazer, a quem abraçar, a quem reclamar, a quem chorar nossas dores, a quem beijar e acarinhar.

A solidão é dolorosa, porque nos mostra quem somos na verdade, seres isolados, seres individuais e a presença do silêncio nos amedronta, por mais que deixemos a musica no volume alto para espantar o medo, não adianta, pois não há mais vida ao redor, apenas nós mesmos, com nossos defeitos, nossos planos desfeitos, nossos filhos cada um na sua própria vida, nosso ex marido nos braços de outra que o faz feliz.

Alguns nasceram para viverem rodeados de amigos e movimentos, outros por mais que tentem não conseguem manter amigos ao redor, os tem, mas longe, são mais formais, mais cada um na sua, apesar da sinceridade e lealdade, eles não se aproximam tanto. Outros vivem tão procurados que mal tem tempo para si mesmo.

Onde está o equilíbrio disso tudo? Viver na loucura das estradas e festas, de bebedeiras e piadas e risos, bares, danceterias, reuniões de amigos todos os dias? De dia e de noite? Passar finais de semanas inteiros na rua e mal se lembrar de sua própria casa? Alguns morrem quando se veem sozinhos, outros reclamam de serem muito procurados. O ser humano é mesmo estranho!

Márcia Raphael!
14/10/12

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