24/12/2013


Hoje com mais idade, porque o tempo passa para todos. Eu me lembro quando era menina, adolescente e até na casa dos vinte anos, como era essa época para nós, viva em São Paulo,  até quando nossa família era muito grande, muitas irmãs, irmãos, agregados, sobrinhas, pai, mãe, era uma família realmente grade, cada ano juntávamos na casa de uma irmã, era uma grande alegria ver todo mundo junto. Muita musica, sons de todas as vozes rindo, falando juntas, conversas de adulto eram separadas, crianças de um lado e adultos de outro, era um entra e sai sem fim pelas salas, cozinha querendo comer logo, sentindo o cheiro de comida boa, isso na infância, até os 10 ou 12 anos. 

O tempo foi passando e fomos crescendo todos juntos, quase na mesma faixa de idade, tudo era festa pra nós. Essa hora estávamos trocando de roupas, tomando banho, fazendo fila na porta do banheiro, procurando a melhor roupa, maquiagens, perfumes, ansiosas pelos presentes e pela comilança! A família foi diminuindo, parentes mudando de cidade, casando-se, cada um fazendo sua família nova, e os natais forma mudando. Cada ano mais "ralo", menos movimentos e alegrias de ver todos juntos, um tinha um problema que não podia vir, outro não tinha dinheiro, outro morava muito longe, assim o simbolo de Natal em família foi ficando distante, ficando amarelado e com cara de coisa antiga.

Muito tempo passou e tudo mudou completamente, uma parte da família ainda está junto, sobrinhas que ainda se encontram raramente entre elas, uma irmã ainda mora longe, mas lá tem toda a família dela e das filhas e seus maridos, ainda se reúnem em grande festa, com parentes dos parentes dos parentes. A outra parte se desagarrou, comemoram também em outra cidade com outros agregados da família. Pais e mães se foram desta vida, deixando um fio rompido aqui. Depois da morte de pai e mãe, raras são as famílias que ainda se mantém juntas, quebra-se os vínculos e cada um segue seu próprio caminho.

Maridos e esposas se separam deixando uma parte da família com "outras" esposas e "outros" maridos, outros cunhados e cunhadas, tudo se refaz novamente, alguns ficam sozinhos em suas casas ou com dois ou três membros da família apenas, o que é meu caso, eu minha filha e neta, que mais fica na rua na casas das amigas do que entre nós, porque adolescentes adoram barulhos e movimentos de festas e buscam em outras casas essa alegria. Nós mudamos o conceito de Natal, ficamos em casa, com uma pequena e simples ceia que comemos antes da meia noite, porque sempre foi estranho ter que passar um dia do ano esperando após a meia noite para invadir a mesa e matar a fome, hábito estranho! 

Hoje estou aqui, na frente de uma tela, de TV e de computar, digitando isso, minha filha na sala vendo novela e minha neta na casa das amigas, assim a vida vai passando trazendo novos hábitos, novos conceitos, novos ideais, sentimentos de melancolia, de alegria contida, de alegria simples, de desejos de paz, de luz interna, desejos de poder sair para um mundo astral voando sem fim e sem peso pelo éter do planeta, ouvindo a música das esferas.

As noites de Natal daqui para frente prometem menos movimentos, menos gente ao redor, menos fantasias e mais solidão, a cada dia as pessoas se vão, cada uma viver sua própria existência com os seus amigos, namorados, maridos, esposas, sogras, sogros, alguns se distanciam para sempre, vão para o além físico, deixando uma saudade sem fim, outros deixam saudades mesmo estando aqui entre nós, mas estes não sabem que o que sentimos. Então espero estar pronta para o dia de Natal, para a passagem de ano novo, para a vida "nova" que se faz velha a cada novo dia.

Márcia Raphael - dezembro/2013.

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