22/05/2014

Poesia do cotidiano

Lá estava ela , sentada no chão, do lado de fora do portão,  quatro ou cinco pessoas ao redor, um em estado de igualdade, outras tentam em vão ajudar a quem não se esforça para receber; naquele momento os cabelos estavam "desorganizadamente bonitos", maquiagem desfeita, batom borrado, um sorriso bestial e triste enfeitava seu rosto, uma face emoldura por um falso momento de alegria. Nua de dignidade. 

Olho de soslaio, indiretamente vejo toda cena deprimente, como um filme de quinta categoria; como algo redesenhado por um péssimo artista; vozes misturadas, frases confusas de um pseudo conservador, - "Teimosinho o rapaz, bem teimosinho o rapaz" "... levanta..." risos dela, que sentada no chão sente-se infelizmente feliz, sua visão parecia ser algo como um pesadelo, girando, girando, feliz, risos falsos e doídos, vergonha.

Enfim, num segundo não faço mais parte do cenário, olhando para trás os vejo numa cena do filme que segue, independente dos atores, autores e figurantes, a vida continua, a decepção, a sensação de incapacidade de nulidade, a sensação de não ter mais o que fazer, porque cada ator é responsável por sua novela diária, cada figurante que passa, passou!!! 

O peito aperta, fica miúdo, a respiração sai num sopro de não ter o que fazer, num sopro de apagar a vela, os pensamentos se misturam querendo que tudo fosse apenas um engano dos olhos, mas lá estão e lá permanecem...

Márcia Raphael!!!
22/05/2014

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